sábado, 5 de abril de 2014

Você é fiel?

Por Pablo Manoel 


      Desde algum tempo, tenho observado em muitos sermões na igreja, pregadores verbalizaremo fato de serem “fiéis” a Deus, ao passo que exortam aos seus ouvintes a também o serem. Aparentemente não há nada de errado, mas analisando as entrelinhas do contexto, logo me surge a desconfiança de que existe algo errado. Chegamos a pensar que o autor do discurso é a própria personificação da santidade em forma humana, dada soberba dessa autodeclaração. É muito mais sensato, que certas qualidades que venhamos a possuir sejam testemunhadas pelos outros (Mt7.20), como fruto de nossa vida cristã, e não usado como uma insígnia em nosso peitoral, nem o próprio Jesus aceitou a alcunha de “bom”, quando viveu entre nós (Lc 18.19).
      A fidelidade a Deus sempre aparece como a causa de terem recebido esta ou aquela “bênção”, e que isto é condição para que o Senhor faça isso ou aquilo na vida do ouvinte. Aí, logo fica explícito o espírito mercantilista do homem, ao oferecer ao Senhor, como barganha, a sua “fidelidade”, e em troca, o altíssimo tem a obrigação de lhe fazer mimos, em forma de bênçãos, das mais diversas naturezas. Tal pensamento não encontra apoio na Bíblia Sagrada. Ela mesma adverte que “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.” (Lm 3.22). Em Tiago 5.11, o escritor bíblico deixa claro que, a despeito da paciência e até mesmo fidelidade do personagem - Jó, a motivação para que este alcançasse o fim ultimo de sua vida, foram tão somente “porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”. Ou seja, é por causa dEle, a razão é Ele, tudo começa e termina nEle, Ele é o alfa e o ômega, o princípio e o fim. Isso porque o homem é pecador por natureza. Apóstolo Paulo vocifera “Miserável homem que sou...” (Rm 7.24), Isaias (64.6) joga por terra todo nosso amor próprio quando afirma que somos como o imundo, e que a nossos atos de justiça são como trapo de imundícia. João, em sua primeira carta, declara que “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.” (1 Jo 1.8). Quando conseguimos alcançar um padrão aceitável diante do Criador, não devemos nos esquecer de que “...Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Fp 2.13). O querer e o efetuar consistem em duas ações diretas da volição humana, todavia são uma resposta a inspiração divina (sua boa vontade), e não fruto de uma consciência humana “fiel”.
      Enfim, gostaria de ser, mas não sou fiel a Deus, e me apropriando das palavras de Paulo eu confesso que estou o tempo todo deixando de fazer o bem que deveria, antes pelo contrário, o mau que condeno esse eu faço.Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte? A situação de conflito interior, a luta entre a velha natureza, e àquela renovada pelo Senhor e controlada pelo Espírito é uma realidade bem presente em mim. Mas dou graças a Deus que nos socorre:
Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna". (Tt 3.5-7)

Um comentário:

Rafaelle disse...

É um erro nosso , achar que por conta de nossos feitos , Deus nos concede bençãos e esse texto nos leva a uma reflexão , não merecemos nada e quão grande é a misericórdia de DEUS , pois todos os dias pecamos , e mesmo não sendo perfeito Ele prova o grande amor que tem por nós