terça-feira, 20 de janeiro de 2015

EU CREIO NA INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS - LIÇÃO 4


A Bíblia Sagrada é o base teórica de todo o cristão. Nela, o Senhor revelou tudo que precisamos saber a respeito de quem somos, para onde vamos, porque estamos aqui, além de qual é o projeto de Deus para a humanidade. Costuma-se dizer que Deus deixou duas revelações para o homem. A primeira é a sua criação conforme Salmo 19.1 : “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.”e Salmo 8.3: “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste.” A segunda é a Sua Palavra, qual conforme 2 Pedro1.20,21: “ Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.”e em Jeremias 36.2: “Toma o rolo de um livro, e escreve nele todas as palavras que te tenho falado de Israel, e de Judá, e de todas as nações, desde o dia em que eu te falei, desde os dias de Josias até ao dia de hoje.” . Ou seja, ela é a Revelação escrita de Deus, que foi preservada através dos séculos e chegou até os nossos dias. Daí surgem algumas questões: O A.T. tal como temos hoje foi o mesmo da época de Jesus? Como se formou o canôn do N.T.? Como podemos provar que tudo que está contido nas Sagradas Escrituras são verdadeiros e dignos de nossa confiança? Estas questões precisam estar bem claras para o aluno, pois essas mesmas dúvidas são lançadas sobre eles nos ambientes freqüentados, em conversas com colegas de escola ou faculdade, por vizinhos ou amigos. Vamos listar uma série de argumentos que procurarão responder a estas questões:

 

OS LIVROS DO NT QUANDO FORAM ESCRITOS FORAM LOGO DIFUNDIDOS

O teólogo Eduardo Joiner (2004) explica que enquanto a distribuição de um livro de um autor clássico estava limitado a uma determinada região, todo o Novo Testamento foi difundido e lido por 3 quartos do globo. Esses textos eram lidos publicamente repetidas vezes, o que os tornavam bastante conhecidos. Assim, qualquer falsificação seria logo denunciada e a obra destruída.


OS LEITORES CONVIVERAM COM OS AUTORES

Segundo Joiner, os apóstolos escreveram sobre coisas que já faziam parte do conhecimento difundido oralmente entre as igrejas que estavam espalhadas por uma vasta região. O conhecimento difundido desses assuntos tornaria espúria qualquer obra que se atrevesse a fabricar narrativas e doutrinas contrária ao que já estavam estabelecidos pelos próprios apóstolos.


HARMONIA CULTURAL HISTÓRICA E GEOGRÁFICA 
O autor em questão declara que:
"A numerosa e minuciosa menção dos usos e costumes da época e a geografia do país em que os autores afirmam ter vivido provam a genuinidade de seus escritos. A familiaridade com as cerimônias judaicas e o fato de prevalecer em seus escritos palavras, frases e pensamentos derivados do Antigo Testamento provam que esses autores eram judeus. A isso devemos acrescentar a contínua referência aos hábitos ordinários do povo e aos aspectos físicos da Palestina.”(Pág. 557).
Não podemos nos esquecer que temos um traçado perfeito das viagens do Apóstolo Paulo, das implicações de sua cidadania romana, da ilha destinadas a prisioneiros para onde o Apóstolo João foi levado e teve as suas visões reveladas no livro do Apocalipse. Se contar com as descrições dos caminhos por onde Jesus percorreu. Em relação aos aspectos históricos os autor esclarece:
“As numerosa circunstâncias relatadas no NT e a sua harmonia com a história secular provam a sua autenticidade. Quem se propõe a escrever sobre uma época diferente da sua corre os risco de cometer erros com relação à história e aos costumes dessa época. Se esse fosse o caso do NT, muitas incoerências seriam descobertas, porque o cenários dos acontecimentos não está limitado a uma única cidade, mas se estende às maiores cidades do Império Romano. Também são feitas alusões aos costumes dos gregos, romanos e judeus. Ninguém poderia fabricar uma narrativa com detalhes tão precisos.”
Abaixo, alguns desses exemplos de fatos históricos comprovados:
  • A Palestina era dividida em três províncias: Judéia, Galileia e Samaria;
  • A ocorrência de duas seitas judaicas principais: Fariseus e Saduceus;
  • O templo em Jerusalém como objeto de peregrinação de judeus das mais diversas partes do mundo (da diáspora);
  • Sistema de organização política praticada pelos romanos: Líderes locais (Herodes, Sumo sacerdote) sob o poder de um governador romano (Pôncio Pilatos, etc.).

Tais fatos são provas da autenticidade bíblica.

ARGUMENTOS ARQUEOLÓGICOS

A Bíblia está repleta de descrições sobre lugares, culturas, geografias e povos
de uma região muito vasta. A arqueologia tem sido uma grande parceira ao comprovar através de diversos achados, a veracidade das narrativas bíblicas. Chama-se arqueologia bíblica, o ramo dessa ciência que é especializada em estudar os achados materiais relacionados com os relatos bíblicos. A Bíblia de Referência Thompson, traz em suas páginas uma seção por nome “Suplemento Arqueológico” que nos mostra em detalhes as principais descobertas arqueológicas. Abaixo, alguns links sobre o assunto:




CONTINUA...



Bibliografia

Bíblia de Referência Thompson. Editora Vida.

Joiner, Eduardo. Manual Prático de Teologia. 1ª Ed., Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2004.

sábado, 17 de janeiro de 2015

EU CREIO NO ESPÍRITO SANTO - Lição 3

O Espírito Santo, desde a era Patrística,  vem sendo negligenciado pela igreja. Prova disso são a quantidade das obras que discutiam o assunto, outrossim, podemos perceber essa injustiça no nosso credo.  Quando não, há a corrente que defende ser o E.S. apenas uma força ativa de Deus. E ainda há, mesmo no meio pentecostal, àqueles quem mesmo teoricamente confessado-o como Deus, tratam-no como um força impessoal, tentando extrair-lhe doses potentes de seu poder para uso do próprio indivíduo, em beneficio de seu status eclesiástico. Assim, esta lição é muito importante para esclarecer para os alunos sobre quem é o Espírito Santo, qual foi o seu papel na história e qual a sua principal obra hoje, na era da igreja.

1° O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA

Dizer que o E.S. é uma pessoal implica em reconhecê lo, segundo Menzies (1996) como um ser que tem uma personalidade própria,  o que envolve conhecimento (inteligência), os sentimentos (afetos) e a vontade. As escrituras revelam que o E.S. tem uma característica própria e age de uma forma peculiar,  confimando ser uma pessoa distinta, e não um poder impessoal. Ver At 8.29, 11.2, 13.2,4, 16.6,7, Rm 8.27, 15.30, 1 Co 2.11, 12.11.

2° A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

Apesar de biblicamente o E.S. ter sido ativo no A.T., nos deteremos apenas em sua obra no N.T. A BEP (1996:1639) declara que sem o E.S. "não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum cristão neste mundo". Jesus declarou em João 16.13,14 "Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará." e em João 15.26 disse "Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, esse dará testemunho de mim." Com base nestes versículos,  podemos afirmar que a principal obra do E.S. é glorificar, ou melhor, levar-nos a glorificar a Cristo.  O teólogo Boice afirma que:

"A principal obra do Espírito Santo é glorificar a Cristo. Todas as outras obras giram em torno dessa. Ora, se Ele não fala de si mesmo, mas de Jesus, podemos concluir que qualquer ênfase dada à pessoa e a obra do Espírito que não aponte para Cristo não pode ser vinda do Espírito de Deus" (2011:328).

Assim, o E.S. é responsável por:

• Revelar os ensinamentos de Jesus (Jo 14.26);
• Orienta a igreja (Jo 16,14; 14.26);
• Convence o homem do pecado (Jo 16.8,9);
• Realiza o novo nascimento (Jo 3.3-6);
•  Faz-nos membros do corpo de Cristo (1 Co 12.13);
• É o agente da nossa santificação (Rm 8,9; 1 Co 6.19);
• Testifica que somos filhos de Deus (Rm 8.16);
• Ajuda nos na adoração a Deus (At 10.45,46, Rm 8.26,27);
• Intercede por nós (Rm 8.26,27);
• Produz em nós o caracter de Cristo (Gl 5.22, 1 Pe 1.22);

Obras consultadas:
Menzies, William W., Hortom, Stanley M. Doutrinas Bíblicas. 1ª Ed. – Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

Boice, James Montgomery. Fundamentos da Fé Cristã. 1ª Ed., Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2011.

BEP. Bíblia de Estudo Pentecostal. 1ª Ed. – Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

EU CREIO EM DEUS FILHO - Lições Bíblicas Jovens - CPAD

Olá. Com muita alegria e satisfação, nós, professores da Escola Dominical recebemos essa nova revista da CPAD, a qual tem como proposta atingir ao Jovem de nossa época. Tratava-se de uma grande necessidade em nossas escolas bíblicas, visto que as demandas do jovem moderno se modificaram, e hoje, esta revista tende a responder justamente a tais anseios.


Como professor, senti também a necessidade de ajudar os meus colegas, trazendo subsídios, videos e apresentações para ajudar nas aulas. Por hora, gostaria de disponibilizar uma apresentação preparada por nós, para ser utilizada nessa próxima lição (2ª), a qual pode ser usada como slide, ou impressa em tamanho A4 ou A3, afim de enriquecer a aula. Fiquem atentos pois nos próximos dias estaremos acrescentado mais subsídios.

Link :

Apresentação 1 - Aula 2 - Eu creio em Deus filho


Atualizado em 10/01/2015 às 15h36m:

A deidade do Senhor Jesus Cristo [1]

a)      Seu nascimento virginal: Mt 1.23; Lc 1.31,35;
b)      Sua vida impecável: Hb 7.26; 1 Pe 2.22;
c)       Seus milagres: At 2.22; 10.38;
d)      Sua obra vicária sobre a cruz: 1Co 15.2; 2Co 5.21;
e)      Sua ressurreição corporal dentre os mortos: Mt 28.6; Lc 24.39; 1Co 15.4;
f)       Sua exaltação à mão direita de Deus: At 1.9,11; 2.33; Fp 2.9-11; Hb 1.3;

Referências bíblicas sobre Jesus[2]


Jesus, o Messias

·         Salmos2.1-7, 89.3,4;
·         Isaias 9.6,7; 11.1-5; 53.1-12; 61.1-11;
·         Ezequiel 37.24,25;
·         Miqueias 4.1,2; 5.2;
·         Zacarias 9.9,10;
·         Mateus 21.1-9;
·         Marcos 8.27-30; 14.60-64;
·         Lucas 1.32,33; 2.11; 4.16-21;  7.18-23;
·         João 4.25,26; 14.1-15.27;
·         Atos 2.36; 3.18-26;
·         I Coríntios 1.23-24;
·         I Pedro 2.21-25.

Jesus, o Redentor

·         Êxodo 6.6; 13.12-16;
·         Levítico 25.47-55;
·          33.24;
·          Salmos 49. 7,8;
·         Marcos 10.45;
·         Lucas 1.68;
·         João 8.34-36;
·         Atos 8.32-36;
·         Romanos 3.24-26;
·         I Coríntios 6.19,20;
·         II Coríntios 5.14-21;
·         Gálatas 3.13; 5.1;
·         Efésios 1.7;
·         Colossenses 1.14;
·         I Timóteo 2.5,6;
·         I Pedro 1.18,19;
·         Apocalipse 5.9,10.

Jesus, a Palavra

·         Gênesis 1.1-31;
·         Salmos 33.6-9;
·         Isaías 55.10,11;
·         João 1.1-18;
·         Hebreus 1.1-3;
·         Apocalipse 19.13.

Encarnação

·         Mateus 1.20-23; 4.1-11;
·         Marcos 13.32; 14.32-36;
·         Lucas 2.39-52; 10.21;
·         João 1.10-14; 4.7; 6.38; 12.27,28;
·         Atos 2.22; 10.38-40; 13.23-25;
·         Romanos 8.3;
·         Gálatas 4.4;
·         Filipenses 2.5-11;
·         I Timóteo 2.5; 3.16;
·         Hebreus 2.17,18; 4.15; 5.7-10;
·         I Pedro 4.1;
·         I João 4.1-3.



A divindade de Jesus Cristo

                                                                                                                                                                       
Para a melhor compreensão da lição por parte de seus estudantes, é necessário deixar claro a deidade do nosso Senhor Jesus Cristo, fato preponderante para o posterior entendimento da sua obra salvífica em todos os seus aspectos. Historicamente não existe nenhuma dúvida sobre a existência de Jesus, e de que ele foi protagonizador de algo extraordinário. Além dos achados arqueológicos, diversos autores contemporâneos (bíblicos) e pós contemporâneo, dentre eles a famosíssima obra de Flávio Josefo[i] testemunham sobre Jesus Cristo.
Assim, resta-nos discorrer sobre o que os autores bíblicos disseram acerca da deidade de Jesus, além do que já foi destacado acima. Vale salientar que, para um judeu, monoteísta que eram, principalmente após o cativeiro babilônico, aceitar a divindade de Jesus Cristo era extremamente difícil, ainda mais se tratando de um fariseu zeloso tal como o apóstolo Paulo. Por isso, quando Jesus se apresentava como o filho unigênito do Pai, muitos se escandalizavam. Para qualquer judeu zeloso, a simples menção sobre a possibilidade da divindade de Jesus era uma blasfêmia.
Paulo, que não foi um dos doze, não sofreu nenhuma influência acerca de Jesus enquanto este pregava entre os seus patrícios. Ele teve um encontro posterior com Cristo, enquanto perseguia os “hereges”. Após a sua conversão, ele passou a entender o mistério da trindade, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus, subsistente nessas 3 pessoas.
Um dos mais importantes textos do apóstolo sobre Jesus é o trecho de Filipenses2.25-11:

5 Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, 7mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; 8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; 10para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

Aqui  o apóstolo traça a trajetória de Jesus desde antes de sua encarnação, quando então desfrutava dos mesmos atributos de Deus, passando pelo seu “esvaziamento” tomando a forma humana, a sua realidade terrena, a sua vitória na cruz, e culmina com o seu futuro glorioso, quando então todos reconhecerão e confessarão que ele é Deus. Acerca de algumas palavras que Paulo usou neste texto para descrever a posição que Jesus desfrutava junto ao Pai, Boice[3] declara que o termo grego usado na expressão“em forma de Deus”, tradução do vocábulo morphesignificava que Cristo possuía em Seu interior e demonstrava em Seu Exterior a mesma natureza do próprio Deus. A outra palavra seria Isostraduzido como “igual”. Esse vocábulo grego, em português deu origem ao termo científico Isomorfo, o qual denomina algo que tem a mesma forma de outra coisa. Assim, o apóstolo quis ensinar que Cristo é exatamente igual a Deus Pai. Acima – na sessão Referências Bíblicas Sobre Jesus, encontramos outros trechos também de Paulo, entre outros, testemunhando a divindade de Jesus.
Outrossim, apesar da lição não abordar esse tema, faz-se imperioso evidenciar a humanidade de Jesus. Não podemos perder de vista o fato de que, mesmo sendo Deus, em momento algum Jesus usou dessa prerrogativa, que apesar de estar o tempo todo ao seu dispor. Todos os milagres que Jesus operou, o fez através do poder concedido pelo Espírito Santo (Mt 3.16), o mesmo que está patente a todo Cristão piedoso, por isso que Ele mesmo disse que aquele que nele cresse, faria as mesmas obras que ele fez, e ainda maiores. Quando Satanás O tentou no deserto, estava o também tentando lhe convencer a usar de suas prerrogativas divinas. Contudo o Senhor lhe derrotou usando a Palavra de Deus (Mt 4.1-11), a mesma que está disponível para nós. E dessa forma, Jesus pode nos aconselhar “... mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (Jo 16.33).


[1]Menzies, William W., Hortom, Stanley M. Doutrinas Bíblicas. 1ª Ed. – Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
[2][2] KeeleyRobim (Org.). Fundamentos da Teologia Cristã. São Paulo: Editora Vida, 2000.
[3] Boice, James Montgomery. Fundamentos da Fé Cristã. 1ª Ed., Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2011.


[i] História dos Hebreus, CPAD.

sábado, 5 de abril de 2014

Você é fiel?

Por Pablo Manoel 


      Desde algum tempo, tenho observado em muitos sermões na igreja, pregadores verbalizaremo fato de serem “fiéis” a Deus, ao passo que exortam aos seus ouvintes a também o serem. Aparentemente não há nada de errado, mas analisando as entrelinhas do contexto, logo me surge a desconfiança de que existe algo errado. Chegamos a pensar que o autor do discurso é a própria personificação da santidade em forma humana, dada soberba dessa autodeclaração. É muito mais sensato, que certas qualidades que venhamos a possuir sejam testemunhadas pelos outros (Mt7.20), como fruto de nossa vida cristã, e não usado como uma insígnia em nosso peitoral, nem o próprio Jesus aceitou a alcunha de “bom”, quando viveu entre nós (Lc 18.19).
      A fidelidade a Deus sempre aparece como a causa de terem recebido esta ou aquela “bênção”, e que isto é condição para que o Senhor faça isso ou aquilo na vida do ouvinte. Aí, logo fica explícito o espírito mercantilista do homem, ao oferecer ao Senhor, como barganha, a sua “fidelidade”, e em troca, o altíssimo tem a obrigação de lhe fazer mimos, em forma de bênçãos, das mais diversas naturezas. Tal pensamento não encontra apoio na Bíblia Sagrada. Ela mesma adverte que “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.” (Lm 3.22). Em Tiago 5.11, o escritor bíblico deixa claro que, a despeito da paciência e até mesmo fidelidade do personagem - Jó, a motivação para que este alcançasse o fim ultimo de sua vida, foram tão somente “porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”. Ou seja, é por causa dEle, a razão é Ele, tudo começa e termina nEle, Ele é o alfa e o ômega, o princípio e o fim. Isso porque o homem é pecador por natureza. Apóstolo Paulo vocifera “Miserável homem que sou...” (Rm 7.24), Isaias (64.6) joga por terra todo nosso amor próprio quando afirma que somos como o imundo, e que a nossos atos de justiça são como trapo de imundícia. João, em sua primeira carta, declara que “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.” (1 Jo 1.8). Quando conseguimos alcançar um padrão aceitável diante do Criador, não devemos nos esquecer de que “...Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Fp 2.13). O querer e o efetuar consistem em duas ações diretas da volição humana, todavia são uma resposta a inspiração divina (sua boa vontade), e não fruto de uma consciência humana “fiel”.
      Enfim, gostaria de ser, mas não sou fiel a Deus, e me apropriando das palavras de Paulo eu confesso que estou o tempo todo deixando de fazer o bem que deveria, antes pelo contrário, o mau que condeno esse eu faço.Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte? A situação de conflito interior, a luta entre a velha natureza, e àquela renovada pelo Senhor e controlada pelo Espírito é uma realidade bem presente em mim. Mas dou graças a Deus que nos socorre:
Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna". (Tt 3.5-7)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Liderança que abusa dos liderados é diabólica

O Senhor Jesus me deu autoridade sobre vocês, não para destruí-los, mas para fazê-los crescer espiritualmente. (Apóstolo Paulo em 2 Co 10.8 NTLH)

Uma liderança que confunde autoridade com grito, firmeza com frieza, amor com ciumes, dedicação com interferência na vida alheia... não é bíblica. Liderança antibíblica abusa, destrói e não edifica. Paulo estava consciente de sua autoridade, mas sabia que a sua missão era levar uma igreja para o crescimento espiritual, e não para a destruição de suas almas. Essa consciência, expressa tão bem nesse versículo, mostra a diferença de alguém que realmente era guiado por Deus. O guia não vinha por meio de sonhos, mas sim pelos princípios da Palavra.

A liderança abusiva rouba, não somente bens, mas corações que se arrasam na decepção. Comportam-se com pequenos tiranos, que detém o poder sobre a pequena congregação. A liderança abusiva determina os pequenos detalhes da vida de outrem com intermináveis regras, mas é incapaz de ensinar valores do Reino. O abuso traz decepção, mágoa e uma dura aversão pelo genuíno evangelho por causa de falsos evangélicos.

Resumindo: Esse tipo de liderança é diabólica. 



quinta-feira, 18 de março de 2010

Fidelidade Denominacional



Sou assembleiano desde que nasci de novo. Sinto-me feliz por fazer parte de uma denominação quase centenária, e que muito fez pela evangelização deste país. Agora, algo que não posso aceitar é a fidelidade cega que muitos exercem pela denominação, e acabam esquecendo até das Escrituras. Tal fato não acontece somente nas Assembleias de Deus, mas também conheço muito presbiteriano, batista e outros evangélicos que sofrem deste mal.

A doutrina da minha igreja é perfeita? O modelo de governo é consistente? A forma de liderança é adequada? As tradições são realistas? O
modus operanti é bíblico? Os costumes são baseados em princípios? O papel político é ético? O louvor tem cabimento? A preocupação central é ser uma comunidade cristocêntrica? E assim continuo com algumas perguntas.

Aliás, ninguém deveria se conformar com o local onde congrega sem fazer essas perguntas. Quando as faço, me livro do ufanismo idiota e do exclusivismo, pois vejo que longe ela está da perfeição. Não fico por aí proclamando que congrego no melhor lugar do mundo, e nem que os outros lugares são piores. Quando faço tais perguntas faço uma auto-crítica e uma auto-análise. A minha apologética começa em casa. Assim, não esqueço das palavras do Senhor: “Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho?” (Mt 7. 3 NTLH).

Portanto, o nosso compromisso é com a Palavra, é com o Senhor; não com homens e suas denominações. Não que o modelo denominacional seja ruim, muito pelo contrário, pois o mesmo evita o centralismo papista. Mas mesmo assim é modelo humano, cheio de falhas e defeitos que não podem ser ignorados. E no cerne do denominacionalismo está o princípio de protestar contra a estrutura vigente.

Sim, eu sei que existem rebeldes sem causa, que existem baderneiros. Eu sei que existem anarquistas que não se submetem à lideranças autênticas. Sim, eu sei de todos esses cenários. Mas nada disso é justificativa para a idolatria que muitos têm pela sua igreja. Pessoas incapazes que apontar o erro, pois estão comprometidas com a estrutura. São conformistas. E os conformistas não combinam com o Evangelho. Protestantismo é liberdade para pensar conforme as Escrituras.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O pentecostalismo, a privacidade e Jesus Cristo

O cronista português João Pereira Coutinho escreveu em artigo dizendo que “a privacidade é talvez a maior conquista da civilização judaico-cristã”. Mediante esta frase fiquei a meditar como as Escrituras nos incentiva para uma prática de espiritualidade recatada, privativa, mas que reflete em nosso caráter exercido no dia a dia. Na adoração, que é um ato de intimidade entre a criatura e o Criador, somos compelidos a trancar a porta. Infelizmente, como o caminho bíblico é desprezado em boa parte das igrejas pentecostais que fazem da adoração um verdadeiro circo, um espetáculo pessoal, com direito a todo tipo de apresentação.

Jesus disse: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6.6). Assim é adoração a Deus: um momento de intimidade privativa, redundância proposital para expressar a grandeza de elevar a Deus um louvor sincero, que não será alvo de apreciação de nenhum outro homem. Adoração não é espetáculo, não é palco. Adoração é quarto com a porta trancada. É por trás das cortinas como no templo veterotestamentário.

O privativo Jesus jamais falaria em línguas em um sermão quando não há quem interprete. Ora, como deixa bem claro o apóstolo Paulo no magistral texto de I Co 14 (um dos mais desprezados nas igrejas pentecostais) as línguas quando não interpretadas é intimidade entre o falante e Deus, que o ouve e o entende (14.3). Não é algo para compartilhar com dezenas de pessoas. Agora, quando interpretado deve ser compartilhado com os demais, pois já não é adoração, mas sim uma profecia (14.28)

Jesus era seguido por grande multidão e curava a todos, mas “advertindo-lhes, porém, que o não expusessem à publicidade” (Mt 12.16). Sim, Jesus não fazia espetáculo com seus milagres, não promovia shows de testemunhos e até proibia que os curados saíssem gritando pelas ruas que foram por Ele libertos. O recato de Cristo é impressionante, mas isto já tinha sido profetizado por Isaías:
Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios. Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito. Não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina. (42. 1-4, cf. Mt 12. 16-21)

Como é diferente dos nossos dias, em que cartazes e carros de som anunciam a pregação “do grande homem de Deus” que visitará a cidade ou o bairro. A simplicidade de Cristo não é modelo para esse pregadores que arrotam vaidade, orgulho e ostentação de grandeza. A publicidade era abominada pelo Senhor, pois Ele não se portava como um agente de serviço ou vendedor de coisa supérflua, mas sim anunciava a salvação.

Então, quando mais discreta for a sua e a minha espiritualidade, melhor será. 

Fonte: http://teologiapentecostal.blogspot.com