sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Viva a realidade alternativa

O presente século tem tentado substituir a nossa visão de Deus, e consequentemente a nossa maneira de ver o mundo a nossa volta. Estão tentando modernizar o cristianismo de forma que este ande de mãos dados com os mais novos fetiches da sociedade moderna. Contudo não devemos jamais nos esquecer de que as leis e os preceitos encontrados na Biblia serviram de base para as mais elevadas expressões éticas e morais da humanidade.

Bráulia Ribeiro

Os Dez Mandamentos são o código de ética mais perfeito que existe. Concordamos com isto porque cremos na Bíblia como a fonte máxima de revelação de Deus aos homens. Porém, podemos verificar a perfeição deste código também de maneira empírica na história humana. O respeito mútuo, a noção de propriedade, a constituição e proteção da família, a afirmação do valor da vida, assim como as sanções que punem aqueles que desrespeitam o código nuclear de valores -- tudo se encontra por aí nas sociedades humanas, desde as pequenas tribos às megassociedades com culturas multifacetadas.

Só encontramos a representação completa e explícita deste código moral nas sociedades cristãs ocidentais. O mundo ocidental se desenvolveu tendo como base a filosofia judaico-cristã e como núcleo de valores fundamentais desta cosmologia as dez leis de Moisés. No entanto, principalmente neste último século, fomos acostumados a pensar na moralidade cristã como uma espécie de prisão tacanha, geradora de deformações psicológicas e inibidora da verdadeira felicidade. A realização humana passou a ser definida por uma liberdade moral em que o único parâmetro é o meu desejo individual no momento.

Com Freud, por exemplo, aprendemos que sexo e moral são inimigos mortais; que uma vez reprimidos os instintos sexuais, afetamos nossa própria identidade psicológica, adoecendo a raiz de quem somos. Com Nietzsche, aprendemos que podemos inferir, a partir da realidade degradada em que vivemos, a morte de Deus. Acreditamos na falácia narcisista: sou intrinsecamente mau; portanto, o bem não existe.

Mais recentemente, para salvar o conceito de Deus, começou-se a desassociá-lo da moral. Versões pós-modernas do cristianismo apresentam um deus cuja proposta para a humanidade coaduna com a felicidade amoral desejada pelo inconsciente coletivo. Esse deus trabalha para nós e nada nos pede de nobre, de virtuoso. Não nos pede sacrifício, porque, afinal, ele já se sacrificou por nós. Conforma-se com uma obediência rasa a certo código de comportamento determinado pelo grupo religioso. Esse código enfatiza o que convém ao grupo, como práticas e comportamentos relacionados com a religião em si, mas releva princípios morais absolutos. Como as religiões animistas, esse cristianismo faz da felicidade transcendente do indivíduo seu alvo final; e das negociações mecânicas entre os servos e a deidade, o caminho para se chegar até ela.

Outra versão pós-moderna inventou o budista cristão. O cristianismo-filosofia também não me pede nada a não ser crer na graça. Tudo me é lícito desde que me convenha. Meu Cristo-Buda filosofa e faz sugestões sábias. Minha escolha pessoal não faz diferença no universo. No não ser está minha razão de ser e a antirreligião é minha religião.

Estamos muito perdidos. Precisamos recuperar de forma explícita e detalhada a cosmovisão proposta por Deus na Bíblia. O que seria a realidade segundo Deus? No códex de pedra encontramos a resposta. “Eu sou o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim.” Está aí a proposta divina de definição de realidade. Deus é o supremo, o perfeito, o Alfa e o Ômega. Ele define moral a partir de seu ser, o Bem perfeito. E nos proíbe a criação de uma ética alternativa. Ele tem a prerrogativa de definir quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Ele nos propõe o certo e o errado, a bênção e a maldição. Será que ainda dá pra encarar?


• Bráulia Ribeiro, missionária em Porto Velho, RO, é autora de Chamado Radical (Editora Ultimato).

Um comentário:

PJ disse...

Paz do Senhor!,
gostei muito do post, essa realidade precisa ser dita e compartilhada. Precisamos reafirmar nosso compromisso com Deus e com sua Palavra.