sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Estimando um erro: A tolerância com o legalismo (Parte 01)

Nas igrejas pentecostais clássicas sempre houve o problema do legalismo. Mas no decorrer do tempo muitos deixaram esse erro. A gravidade do legalismo está no fato de substituir a Graça de Deus pelo esforço humano. Quem lê a epístola de Paulo aos gálatas sabe que não se pode tolerar o legalismo. Erro é erro. Da mesma forma que não se tolera a libertinagem, não se deveria tolerar o legalismo. Por que? Simplesmente porque erro é erro. Legalismo é um erro tão grave quanto a libertinagem. Agora, infelizmente ainda se tolera e há incentivos para com o legalismo no meio pentecostal.

Legalismo combina com hipocrisia, e não com santidade. É engraçado ver um pastor usando um terno da grife Ricardo Almeida ou Giorgio Armani enquanto condena a "vaidade" das mulheres. Você pensa que isso é uma hipótese? Não, é real. Se isso não é hipocrisia, o que será? Todavia tais atitudes são toleradas até mesmo por aqueles que não são legalistas, mas que já se acostumaram com o erro. Virou um equívoco de estimação. Quem vive condenando a suposta vaidade não deveria viver uma vida de luxo. Só assim seria coerente.

Algumas denominações estão mais preocupadas com a preservação dos seus usos, costumes e tradições do que a preservação da Palavra de Deus. É fato que as igrejas mais legalistas são as que menos espaço dedicam para a pregação expositiva. É impossível apontar uma igreja legalista que seja sólida doutrinamente. O legalismo traz com si a superficialidade, a mediocridade, a irreverência, os clichês e outras bobagens no púlpito e na prática pastoral.

Argumentos pró-legalismo

Antigamente existiam várias regras e o povo era mais santo. Hoje, as igrejas estão mais abertas e mundanas

Tal argumento combina saudosismo com desonestidade histórica. Quem disse que a geração legalista era mais "santa"? Exemplo disso são as séries de divisões que ocorreram nas igrejas pentecostais pela busca desenfreada de poder. Isso é santidade? Se for é bom estar longe desses "santos". A geração passada era mais recatada? Sim, é claro. Mas não era somente os crentes. Era toda a sociedade. Todos eram santos por isso? É claro que não. A sociedade influenciada pelos preceitos morais do catolicismo era altamente conservadora e moralista, mas somente esteticamente. A moral e a sua conservação não era um fruto da conversão, mas de coerção social. O secularismo advindo pela academia e os meios de comunicação minaram a influência da Igreja Católica, e hoje a sociedade vive o seu pecado à solta. Não que o secularismo tornou as pessoas menos santas, mas simplesmente tirou suas máscaras. Moral sem conversão é o vazio do moralismo. Isso que exista no passado: mero moralismo.

Depois da abertura nos "usos e costumes" a igreja perdeu o seu fervor

Este é o argumento mais comum. Mesmo assim, nada mais falso. Em primeiro lugar é preciso descobrir o que essas pessoas entendem como "fervor". Será "cair no espírito", "unção do riso", pulos descontrolados e outras ações que são fruto do emocionalismo? Se isto for o fervor, então não se perdeu nada. Agora, se fervor for entendido como o exercício correto e equilibrado dos dons espirituais, tal premissa também não se sustenta. Por que? Por mais que se relute, a verdade é que sempre foi uma minoria nas igrejas que realmente exerceram os dons de maneira bíblica. Isso ontem e hoje. Os dons são para todos, mas infelizmente não são todos que se preocupam com o seu exercício. Não é de hoje. O mal já vem de muito tempo.

Os "usos e costumes" mantém a identidade da igreja

Quão fraca é uma igreja alicerçada em costumes. A fraqueza é a mesma de uma casa edificada em areia ou nos morros brasileiros. Enquanto identidade é para toda a uma vida, os costumes são transitórios. A identidade tem que ser doutrinária, pois doutrina é permanente. Tradição não. Enquanto se tenta manter uma identidade artificial pelas tradições, se perde o valor de preservar as doutrinas bíblicas. Não é à toa que as igrejas pentecostais vivem uma crise doutrinária, com vários pastores que não conhecem sequer a confissão doutrinária de sua denominação.

Continua...

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